segunda-feira, 17 de novembro de 2008

corte de cabelo

A vida anda corrida e quase não dá tempo de fazer supermercado, quanto mais me dedicar a dizer sim aos mocinhos. Ah, mas não perdi as esperanças. O experimento continua, mesmo que não tenha post toda semana.

O problema é que os mocinhos pra quem eu quero dizer sim não me dão brecha para isso. Por exemplo, uma quarta-feira dessas eu estava no meu restaurante chinês preferido, esperando a comida para viagem, quando aparece um rapaz bem bonitinho. Devia ter seus 30 e poucos, mas não me lembro muito bem do rosto. O que mais me marcou foi o corte de cabelo: sabe aquele corte que fica perfeito, cortado meticulosamente, mas sem aquela coisa de revista? Então.

Aí eu estava sentada lá, esperando a comida e ele senta do meu lado.

"E aí a gente espera...", disse ele, puxando papo.

"Ah, mas vale a pena. A comida é boa", respondi, como boa chinesa.

O papo engatou e enquanto a comida não chegava, conversamos sobre amenidades: ele trabalha com TI, já visitou o Brasil e tem conta no Standard Bank (eu vi o cartão quando ele foi pagar).

Dez minutos depois minha comida estava pronta.

"Ah, mas foi tão rápido!", ele reclamou. "Não é sempre que eu encontro alguém interessante assim. Queria continuar conversando com você, mas tô sem nenhum cartão aqui pra te dar."

Não por isso: na hora tirei um cartão de visita da minha bolsa. Ele me acompanhou até a saída, abriu a porta para mim e disse que ia me ligar. Se ele ligasse, não ia ter dúvida: eu ia dizer simsimsim.

Ligou para você? Para mim também não.

Aí passou quinta, passou sexta e eu esqueci do encontro. No sábado de manhã estava eu no shopping fazendo supermercado quando dou de cara com quem? Exatamente: o dono do corte de cabelo perfeito. Ele me viu e veio conversar comigo. Conversamos mais amenidades - ele tinha comprado uma bermuda na Levi's, gostou da comida do chinês daquele dia, mas não gostou muito que molho vazou e manchou o banco do carro - e em pouco menos de 3 minutos o papo tinha acabado.

"A gente precisa tomar um café um dia desses", ele sugeriu, num tom que era mais de educação do que intenção.

"Bom, você tem meu cartão", lembrei. "Me liga um dia desses."

"Pode deixar."

Ligou para você? Pra mim também não.

E essa foi a última vez que encontrei o moço. Uma pena, porque o simsimsim estava na ponta da língua, nem que fosse para conversar mais cinco minutos e pegar o contato da pessoa que corta o cabelo dele.