segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Basta que EUAQUI diga sim?

Estive pensando em postar o dia todo - o dia todo não. Na verdade, só nos intervalos entre um pepino e outro. Gente, basta que euaqui diga sim?

Quando eu vou poder dizer sim?

Pode até ser TPM (tô mesmo nesse período perigoso do mês), mas a vontade é de sentar e chorar. Juro. Acordei às 5 h para fechar um material que precisava estar pronto às 7 h - por que às 7 h? Porque eu quis, porque não agüentava mais adiar essa entrega que estava na minha frente h;a duas semanas. Depois, de trabalhar entre 5 h e 10 h, fui para uma reunião. Falei, falei. Voltei, saí para o almoço. Outra reunião. Daí um compromisso de última hora - não era um compromisso meu exatamente, mas chamei para mim. Quando acabou, eu estava uma pilha. E exausta. Já estava no batente há 10 horas quando parei. Mais duas horas de orientação aqui, pedidos ali. Saí do trabalho às 19 h30. Já não encontraria meus filhos em casa. Hoje é dia de dormir no papai.

Ao chegar em casa, percebei que tinha duas possibilidades de sair.

Eu simplesmente cozinhei dois miojos (!), coloquei manteiga e shoyu. Assisti a um filme água com açúcar. Enrolei em frente à TV. Não tive forças para ligar de volta nem para dizer aos amigos que "hoje só amanhã".

Agora sinto aquela areia nos olhos que é um prenúncio de insônia. Aí resolvi escrever.

OLha, pípou, não tenho forças para mais uma empreitada. Sério. Se eu estiver fazendo drama, podem dizer. Mas fiquei pensando no ônibus enquanto eu voltava pra casa como seria bom ter um moço por perto. Para o afago no momento do cansaço. Para sexo com freqüência. Até para brigar. Balancei a cabeça como quem acorda de um devaneio. Acho que, para mim, dizer sim é apenas um devaneio neste momento.

domingo, 2 de novembro de 2008

Dia do homem

Aí eu estava em Angola, trabalhando igual uma desesperada, acompanhando o blog e pensando: "Preciso dar uma bronca em euaqui porque ela não está levando nosso projeto a sério." Onde já se viu, preguiça de ir no evento da escola de idiomas em pleno sábado à noite?

Mas agora é minha vez de fazer um mea culpa: fugi da raia quando um mocinho me chamou para sair em Luanda. Bom, mocinho não: devia ter seus 40 e tantos anos, mas tinha bom papo e era bem bonito (como a maioria dos angolanos, que eu acho mais bonita que a média dos africanos). Nos encontramos na entrada da pousada onde eu estava há uma semana, eu indo para o meu quarto, ele esperando um colega que estava hospedado lá. Não conversamos cinco minutos e ele me solta: "Queria te levar pra tomar uma cerveja hoje."

Minha primeira reação, como caxias e comprometida que sou com minhas obrigações, foi dizer: "OK. Vai jantar com seu amigo e depois a gente vai em algum lugar tomar uma cerveja."

Mas aí lembrei que era sexta-feira. E a situação fica um pouco mais complicada quando é sexta.

Explico: em Angola sexta-feira é o "dia do homem". Numa sociedade onde o machismo ainda corre solto, na sexta-feira os angolanos são liberados para fazer o que quiserem. Podem deixar a mulher/namorada em casa e sair pra farra - beber, paquerar, transar com quem quiserem. E a mulher não pode abrir a boca, porque é um direito que o companheiro tem. As angolanas nem questionam a falta de um "dia da mulher", mas fato é que na sexta-feira os homens podem tudo.

Aí meu raciocínio foi: sexta-feira à noite, esse cara não está a fim de só tomar cerveja. Por medida de segurança - não conheço ninguém em Luanda (portanto se eu sumisse ninguém ia dar falta), não tenho familiaridade com a cidade (portanto não sabia se o lugar para onde ele ia me levar era seguro ou não) - achei melhor passar. E minha resposta foi: "Nossa, estou super-cansada, amanhã acordo cedo porque ainda tenho que fazer malas. Fica pra próxima, que tal?"

Ele fez uma cara meio desolada, disse "Que pena, você devia ficar mais tempo em Luanda. Fica pra próxima" e ficamos por isso.

E essa foi a história do meu encontro que não aconteceu em Luanda.

Mas tem mais um detalhe que colaborou para o não-date - que eu me sinto até mal de contar aqui, mas existe limite pra tudo na vida.

Enquanto nos despedíamos, lembrei que não tínhamos nos apresentado.

"Desculpe, mas como é seu nome mesmo?"

"Cabrita."

"Como?"

"Cabrita. Bom, Lima, mas todo mundo me chama de Cabrita."

"Sério? Cabrita... Que coisa."

Sair com um cara chamado Cabrita em pleno dia do homem seria um exagero. Até comprometimento com o projeto tem limite.