domingo, 21 de novembro de 2010

exorcismo

Esse ano, resolvi dizer não para algumas histórias velhas. Tudo bem, vai contra a filosofia do blog, mas tem horas que a gente tem que escolher. E eu escolho estar rodeada de gente coerente e parar de perder tempo com homens que tiveram mais de uma chance e que conseguiram perder todas elas. Que não tiveram a decência nem o caráter de terminar a história da forma como ela merecia.

Esses homens, depois de um trabalho de observação longo e minucioso, podem ser divididos em algumas categorias.

Tem, por exemplo, o cara enrolão. Ah, nesses eu tenho pós-doc. O que dizer de um cara que "estava se separando" quando começamos a sair, depois se separou de fato para engatar imediatamente um outro casamento, e em todo esse tempo te manteve no banco de reservas? De vez em quando soltava um "eu te amo", como se essa fosse uma frase que se possa soltar por aí, assim, descuidadamente, sem consequências. Como se dizer eu te amo fosse parar no balcão e dizer "Me vê dois pãezinhos, por favor". Gostava de me manter perto, mas numa proximidade segura. Que com dois passos para trás se tornava distância. Um dia, depois de oito anos de relacionamento, resolvi mandá-lo passear. Não ficou nem amizade.

Tem também o cara que, OK, um pouco mais decente, pelo menos não está casado quando te procura. Mas que bastou a mulher/namorada do momento dar um pé que ele, de repente, como num passe de mágica, lembra do seu telefone. E te chama pra sair, pra cinema, pra jantar, pra tomar cerveja, pra dar risada. Mantém aquela coisa ambígua, meio-amigo-meio-pretê. Mas basta a namorada do momento/esposa repensar e resolver voltar, que de repente você não existe mais. Mas e as cervejas, o cinema, as conversas na noite paulista? Não importam, porque agora ele está namorando. Ou casou de novo, nunca se sabe. E eu quase consigo ouvi-lo dizendo: "Mas ó, prometo: se me separar de novo, você vai ser a primeira pessoa pra quem eu vou ligar." Então tá.

E o cara que só te liga quando precisa de alguma coisa? Os torpedos sempre começam com "E aí, quando a gente vai tomar uma caipirinha?". Você responde algo tipo "Que tal semana que vem?" e ele responde imediatamente com "Ótimo, vamos marcar. Enquanto isso, você pode me ajudar com essa info?" Caí uma, caí duas. Na terceira, deixei falando sozinho. E nunca mais fui tomar caipirinha. Pelo menos assim economizo a viagem até o centro da cidade e a carona pós-caipirinha até a casa dele.

Tem também o cara que se faz passar pelo "casado incompreendido". Casou muito cedo, tem filhos marmanjos e está sozinho em outro país. Jura de pés juntos que traiu a mulher uma vez só em 30 anos. Você acredita em tudo que ele diz - como não acreditar num cara que te liga toda vez que vocês se despedem para saber se você já chegou em casa? Até o dia em que você descobre que ele tentou agarrar uma de suas amigas.

Mas, vocês vão dizer, o que um não quer, dois não fazem. Lógico que eu tenho culpa nessas histórias também. A começar pelo meu péssimo gosto pra homens. Por isso, resolvi exorcizar esses caras da minha vida e eliminar qualquer vestígio de velhos padrões que façam repetir, pela enésima vez, esse ciclo suicida.

Resolvi dizer não, pra começar 2011 dizendo sim pros caras certos.


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