sexta-feira, 20 de julho de 2012

silêncio

Conheci G. num site de relacionamento que assinava há anos mas que nunca havia me rendido nada - talvez porque a maioria dos mocinhos estivesse nos EUA, a umas 8 horas de vôo de qualquer possibilidade de café.

G. caiu na minha caixa postal no final de setembro do ano passado, com um perfil que era quase bom demais pra ser verdade: tinha uma idade boa (41), era gaúcho - e portanto falava com aquele sotaque delicioso do sul -, trabalhava numa empresa séria e fazia doutorado em engenharia mecânica. Como se o currículo não bastasse, fazia escaladas, participava de viagens arqueológicas, pilotava aviões e o principal: era solteiro! Para mim, que por muito tempo só me envolvi com caras de aliança, era a quebra de padrão com que eu sonhei toda minha vida adulta.

Vivemos uma história boa, bonita, leve, cheia de pequenos momentos de ternura. Com ele aprendi muitas coisas, sobre mim mesma e sobre a vida com outro. Era tudo novo e estranhamente encantador. G. foi um brisa de ar fresco na minha vidinha tão cheia de homens mal-resolvidos. Eu, que sempre estive cercada de complicações, me vi sem saber como reagir diante da simplicidade do rapaz. Estava tudo ali, nas conversas e nos silêncios. Simples, a palavra tão super-utilizada, de repente se vestiu de um outro sentido.

G. foi o primeiro relacionamento de verdade que tive. Relacionamento de gente grande. De fazer planos de futuro. Que não deram certo, porque as pessoas mudam, e os sentimentos também. Mas guardo comigo a memória de todas as pequenas gentilezas e descobertas. G. me inspirava a escrever. Com ele, as palavras vinham sem esforço. Como agora.


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